Para os primeiros cosmonautas, o problema era apenas anotar os resultados de suas observações e pesquisas no papel. Canetas esferográficas comuns não funcionavam no espaço. Com isso, surgiu uma anedota ou lenda urbana de que a agência espacial americana gastou milhões de dólares para desenvolver uma caneta especial que funcionasse no espaço, enquanto os russos usavam lápis para fazer suas anotações. Este belo conto era comum em ambos os lados do Atlântico.
Este exemplo de folclore moderno é indicativo do fato de que muita coisa nesta história é falsa. Mas, como costuma acontecer, a realidade acabou sendo mais interessante do que quaisquer lendas urbanas.
O que os astronautas e cosmonautas escreveram no espaço?
Durante os primeiros voos ao espaço, descobriu-se que as canetas esferográficas comuns não escreviam em gravidade zero. A gravidade é importante para essas canetas. A tinta deve fluir pelo tubo até a esfera, então as canetas esferográficas também não escrevem de cabeça para baixo e escrevem muito mal em superfícies verticais. Para ter certeza disso, você nem precisa voar para o espaço.
Mesmo assim, você ainda precisa escrever no espaço. Como os primeiros conquistadores do espaço resolveram esse problema antes da invenção de dispositivos especiais?
Os astronautas americanos usaram lápis, mas não comum, lapiseiras. Em 1965, a NASA encomendou lapiseiras da Tycam Engineering Manufacturing, com sede em Houston, para o projeto espacial Gemini.
Esses lápis podem ser chamados com segurança de “dourados”. No total, sob o contrato, a agência espacial americana comprou 34 lapiseiras por um total de US $ 4382,5. Ou seja, cada lápis custou à NASA US$ 128,89. Acredita-se que as informações sobre essas lapiseiras, vazadas para a imprensa, foram o início de uma lenda urbana sobre milhões de dólares gastos em um dispositivo que escreveria no espaço.
Esse estado de coisas indignou muitos. As pessoas notaram razoavelmente que tais despesas podem ser chamadas de irracionais. Ao mesmo tempo, o preço era tão alto porque as lapiseiras foram especialmente modificadas para que pudessem ser usados em um traje espacial.
As lapiseiras permitiram escrever, desenhando linhas bastante finas. Mas mesmo elas representavam um perigo no espaço. A ponta da haste de grafite sempre pode quebrar. Um pedaço de grafite flutuando em gravidade zero na espaçonave gera detritos nocivos que poderiam entrar no olho, bem como dentro de qualquer equipamento ou eletrônico. O problema era que o grafite é um material condutor e os seus detritos poderiam causar um curto-circuito.
Os cosmonautas soviéticos inicialmente também usavam lápis no espaço, mas não lápis comuns, eles usavam lápis de cera. Lápis comuns não eram usados porque precisavam ser apontados (criando mais detritos), e o grafite em si representava um problema no espaço. Os lápis de cera não tinham problemas com a quebra da ponta; se fosse necessário um comprimento maior da ponta para escrever, o cosmonauta simplesmente removia mais papel do lápis. No entanto, escrever com lápis de cera era inconveniente.
Caneta Espacial Fisher’s
Como vimos, no início da exploração espacial, tanto os americanos quanto os cosmonautas soviéticos usavam lápis, embora de tipos diferentes. A situação foi resolvida pelo empresário americano Paul Fisher. A “caneta espacial” que ele criou e colocou em produção foi inicialmente adotada pela NASA e, depois, comprada pela União Soviética para seus programas espaciais.
A agência espacial americana não participou do projeto de Fisher. O empresário realizou sua ideia com seus próprios recursos, já que ele já possuía uma empresa especializada na fabricação de canetas. Ele apostou nas futuras vendas da caneta, que poderia ser anunciada como uma “caneta espacial”.
A caneta esferográfica patenteada da Fisher funcionou não apenas em gravidade zero, mas também debaixo d’água, em papel molhado e também pode ser usado em qualquer ângulo. Ela funciona em uma faixa de temperatura muito ampla de -45,5 a +204 graus Celsius.
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